Mundo

Um filme para cada lugar do mundo que eu não vou (e que eu vou também)

Acabou a Mostra. Foram quinze dias, 39 filmes, incontáveis saquinhos de pipoca, litros de coca cola (nem bebo coca-cola normalmente, mas não podia dispensar nenhuma fonte de cafeína), múltiplas corridas pela Augusta e pelo menos 6 olhares condescendentes da garçonete do café do Espaço Itaú Frei Caneca. Mas os números mais legais de todos são: 20 nacionalidades diferentes, falados em 16 idiomas diferentes.

Pela primeira vez na vida eu vi filmes do Cazaquistão, Afeganistão, Laos e Eslováquia e descobri uma coisa: dou um check mental cada vez que vejo filmes de um país novo, como se estivesse competindo comigo mesma para ver pelo menos um filme de cada lugar do mundo. Então resolvi me arranjar um projeto novo.

Eu sei que soa estúpido quando eu, a pessoa que vive de projetos, diz que tem um projeto. Projeto é essa coisa que vocês da vida bem estruturada fazem quando não estão trabalhando, essas coisas tipo ler e ver filmes com as quais eu misteriosamente ganho dinheiro. Mas bom, eu tenho um projeto e esse projeto é algo como a volta ao mundo em oitenta filmes. Só que o mundo tem bem mais de 80 países então verei bem mais que 80 filmes.

A ONU tem 193 estados, então serão 193 filmes. 194 na verdade porque eu resolvi contar Palestina. Por questões simbólicas e porque eu já quero ver Omar e se não conseguir só vou acabar revendo Paradise Now, absolutamente nada contra rever Paradise Now. Talvez, na verdade, um pouco mais porque eu posso resolver contar Kosovo, Escócia, umas coisas assim. Muito bem, 194 filmes, ou mais, um para cada país do mundo, sem prazo nem ordem definidos (com esse critério de nação ao gosto da autora) porque não gosto de regras. Não conta o que eu vi até agora para que eu me force a ir atrás de filmes novos, porém se não conseguir achar nenhum outro filme para lugares como Cazaquistão, Bulgária, Indonésia, Filipinas e Tailândia, revejo os que já vi mesmo. Para minha sorte, Taiwan não é um país, diz a ONU, e eu definitivamente não vou considera-lo como tal se não encontrar outro filme além de O Sabor da Melancia.

Eu poderia abrir um blog novo para isso, ou convencer o senhor Felippe Cordeiro (ooooooi Pips) a me dar uma coluna no Posfácio, mas como diz a minha muito sábia melhor amiga eu tenho ótimas ideias, pena que largo todas elas pelo caminho. Enquanto nós duas viajamos pela Turquia, eu devo ter tido umas dez ideias brilhantes diferentes. Obviamente nenhuma saiu do papel.

O que quer dizer que não vou ver 194 filmes. Em parte porque duvido muitissimo que vá achar filmes de lugares como Vanuatu, Palau e Quirguistão (embora eu tenha essa birra com o Quirguistão e queira muito achar um filme de lá), em parte porque sei que vou largar a coisa toda no meio, não sei, tenho esse apreço tão grande por desobedecer as coisas que desobedeço até minhas próprias propostas. Meu analista fica louco com isso, não sabe mais o que fazer, tem vontade de me mandar pular da ponte só porque tem certeza que aí eu não pulo. Mas começamos, com uma tag para que vocês possam achar os posts, que estarão sempre na categoria que ali do lado se chama A 24 Quadros Por Segundo.

A verdade a 24 quadros por segundo, disse o Godard. O mundo a 24 quadros por segundo, digo eu. É um bom nome para um projeto natimorto.

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