Scott Pilgrim é um filme legal, assim, do tipo que podia ser melhor. Começa genial, com toda a coisa da estética videogame e uma montagem enlouquecida, mas vai perdendo fôlego e um pouco repetitivo lá pro final. Mas é legal, só que como de costume o assunto aqui não é esse.
O assunto é Scott Pilgrim c’est moi (Flaubert se virou no túmulo agora). Scott Pilgrim tem 22 anos, não faz muita coisa da vida, tem uma banda cool, mas desconhecida e mora com um amigo gay na casa dos pais. Ou seja, Scott Pilgrim tem 22 anos, não quer ter um trabalho normal como muita gente, não quer entrar as 9 e sair as 6 e amarga a pseudo independência de ser um adulto sem dinheiro esperando a vida acontecer.
Obs: a trilha sonora, como não podia deixar de ser, é muito legal.
O legal do filme, e dos quadrinhos, é exatamente esse retrato dos tais “cool kids” que andam em clubes alternativos, criam coisas legais e vivem em uma espécie de limbo onde ainda é aceitável viver do dinheiro dos pais ou ter empregos temporários (entregadora do amazon, por exemplo) e tentar mais um pouco antes de desistir e ir fazer outra coisa.
Então no fundo talvez seja mesmo uma espécie de jogo de videogame e Scott Pilgrim está realmente contra o mundo, não apenas os 7 ex-namorados. E nesse limbo a gente fica por aqui, juntando moedinhas, bônus de “legalzice” e tentando ainda ser cool enquanto dá tempo.
Essa foi uma das coisas que eu mais achei “legal” quando li os quadrinhos: SP luta basicamente contra todo o processo de crescimento como a gente conhece. E claro, tem toda essa idéia permeando o filme de que a vida adulta é a morte do cool e do bacana, que soa um bocado deprimente quando você tem 26 anos e um emprego estável.
cade inha ramona floweraa???